EXPLICAÇÕES INICIAIS

Brasília, 6 de abril de 2019.
(Por Flávio Faria)

1. Apenas para registro: esta será minha décima primeira viagem de motocicleta para o exterior. Já estive antes em 14 países das Américas e da Europa, em alguns deles por 5 ou mais vezes (casos específicos do Chile, Argentina e Uruguai).

2. Esse projeto não foi originalmente concebido para ser uma experiência solo, mas acabou se tornando por conta do longo tempo de viagem, que inibiu a participação de outras pessoas. O objetivo é transitar por 8 países diferentes (Brasil, Paraguai, Argentina, Chile, Peru, Equador, Colômbia e Bolívia), dos quais em apenas 2 ainda não estive sobre duas rodas: o Equador e a Colômbia. Se as condições políticas permitirem, irei à Venezuela também, mas isso é improvável!

3. Sou muito metódico com planejamento e metas! Talvez isso tenha me facilitado a volta pra casa, sempre em segurança, nas outras aventuras que realizei. E espero que seja assim mais uma vez!

4. Parafraseando Roald Amundsen (líder da primeira expedição a chegar ao Polo Sul geográfico): "a sorte está sempre ao  lado de quem tem tudo em ordem". Eu acredito nisso! A sorte é o resultado do planejamento, do bom-senso, da cautela e da canja de galinha, como dizia meu avô. Às vezes eu brinco com um lema de viagem que criei pra mim mesmo: NARIZ E SORTE! - duas coisas grandiosas que Deus me deu de graça. Vou repetir este lema nesta aventura!

5. Não tenho dúvidas de que meu maior desafio será estar só durante tanto tempo,  num longo exercício de mindfulness e de silêncio durante os 20.000 quilômetros de pilotagem.

6. Uma questão imponderável, que pode prejudicar a conclusão deste projeto, são as dores decorrentes das 5 hérnias de disco que carrego na coluna, que estão sob controle neste momento (depois de longo trabalho fisioterapêutico no hospital Sarah Kubitschek), mas que me exigirão exercícios diários para não colocar em risco a experiência. Mas estou otimista e entusiasmado! Tudo vai ser lindo! Uuuhhhh!

7. Quem me conhece sabe o quanto admiro Amyr Klink, que consegue traduzir de forma única a experiência da solidão e da "viagem interior" proporcionada por esse tipo de experiência. Klink é o cara! Ele, como eu (em menor escala), temos medo de que nossas vidas se tornem medíocres, banais, sem encantos ou desafios que nos renovem e nos façam crescer. Acho lindo quando ele diz que o mais terrível dos naufrágios é não partir.  Desse naufrágio estou conseguindo escapar!!... O maior risco de uma viagem não é se acidentar ou morrer pelo caminho, é não realizá-la, mesmo havendo muitos receios e dúvidas.

Então vamos nessa! A viagem começa no dia 13/4, sábado. Já pretendo dormir em Assunção, Paraguai, nos dias 15 e 16. Vou tentar relatar da melhor forma  (aos realmente interessados) o diário dessa aventura, com muitas fotos e filmagens (inclusive de drone). Forte abraço!