BALANÇO DA VIAGEM (APÓS TERMINADA)

(Por Flávio Faria)

Faço as seguintes observações da aventura, em 8/5/2019, após tê-la encerrado:

1. Este projeto tinha por objetivo chegar à Cartagena das Índias, na Colômbia, e de lá seguir para passar alguns dias em ilhas do Caribe, inclusive Cuba (com a moto estacionada em Cartagena). Minha previsão era fazer isso em torno de 50 ou 60 dias. No percurso de volta, eu pretendia ir às Ilhas Galápagos, a partir de Guayaquil (Equador), e conhecer as Montanhas Arco Íris, em Cuzco, no Peru. Mas a viagem ficou mais curta após eu ter tido uma bolsa roubada em Trujillo (Peru), no décimo terceiro dia de viagem. Lá estavam uma máquina fotográfica Canon e uma filmadora 4K, e documentos essenciais como passaporte, CNH internacional, Admissão Temporária da moto no país, atestado de vacina contra febre amarela, seguros etc. Não foi possível seguir adiante sem essa documentação, me obrigando a voltar para casa através de um percurso de 6000 km, em um repeteco exaustivo de caminhos que eu já havia percorrido em outras ocasiões.

2. Era para ser uma experiência Mindfulness, e acabou sendo! Curiosamente, esta viagem foi uma redução de outro projeto de ir de motocicleta até o ALASCA. Desisti temporariamente disso, porque temia atravessar a Nicarágua, El Salvador, Honduras e alguns trechos do México, por causa do elevado índice de violência e dos problemas políticos desses países. Mas fui roubado exatamente no Peru, onde já tinha estado outras 3 vezes, sem qualquer problema.

3. QUILOMETRAGEM PERCORRIDA: Esta foi a segunda maior viagem que realizei, perdendo apenas para a segunda vez que fui a Ushuaia, em 2012. Foram 13.416 km rodados em 5 países diferentes, em 24 dias de pilotagem, a saber: BRASIL (3.334 km); PARAGUAI (503 km); ARGENTINA (3.153 km); CHILE (2.008 km) e PERU (4.418 km).

4. CURVAS ACENTUADAS: Foram praticamente 3500 km de curvas acentuadas, boa parte de 180 graus. Isso não é pouco! Equivale a, aproximadamente, 10 vezes o território da Suíça de ponta a ponta, apenas considerando os trechos de curvas. Muitos aclives e declives fortes na rodovia Panamericana no Peru, e a convivência com caminhões enormes (acima de 25 metros). O exercício de pilotagem nessas condições obrigou-me a trocar as pastilhas de freio da motocicleta antes de chegar à metade do trajeto (levar peças sobressalentes é indispensável!). Os caminhões, com cargas pesadíssimas, sobem as montanhas entre 10 e 20 km/h e as descem a 60 km/h. É muito estressante ver um caminhão embalado no retrovisor, com uma curva fechada logo adiante. É arriscado transitar pelo Peru em motos de baixa potência, porque são raras as oportunidades de ultrapassagem, em centenas de quilômetros de trechos montanhosos. Usar a potência do motor é essencial para superar os caminhões... Em faixa contínua, diga-se de passagem (já que não existe outra opção).

5. MEDIÇÕES - Outros números que deram tempero à aventura: a) Foram 4 travessias da Cordilheira dos Andes; b) 6h50 parado em aduanas; c) 123 km de off road (apenas 48 km estavam previstos. O resto foi por conta de desvios na estrada); d) 12 paradas em fiscalização policial (só no Chile e no Brasil isso não aconteceu); e e) 19 pernoites em cidades diferentes nos 24 dias de viagem.

6. A MOTOCICLETA - A Triumph Tiger 1200 é uma moto espetacular, com estabilidade e potência fantásticas! Eu a chamo carinhosamente de ZUZU. Seguramente ela foi a Atriz Principal dessa aventura. Onde passávamos, muchachitos e muchachones, atendentes de postos, casais e crianças queriam tirar uma foto ao lado dela. Quanto a mim, mal me cumprimentavam. Mas eu não tenho ciúmes! Aceitei bem o papel de Ator Coadjuvante nesta empreitada!😆😆😆😆

VÍDEOS:

VALE DO RIO CAÑETE, PERU