EM LIMA

Dias #16 e #17, 28 e 29/4/2019 - domingo e segunda-feira.
De TRUJILLO A CHANCAY (500 km) e de CHANCAY A LIMA (88 km)- 588 km rodados em dois dias - 9.694  km desde Brasília503 km no Paraguai, 1343 km na Argentina, 1086 km no Chile e 3.132 km no Peru.


1. AGRADECIMENTOS! Antes de iniciar o relato desses dois últimos dias de problemas e mais problemas, preciso agradecer a boa vontade e carinho de algumas pessoas. A bênção de Deus se manifesta preferencialmente por intermédio dos homens. Yo créo en isso!
1a) Vamos lá: CLEVERSON (de Brasília), que tem sempre me acompanhado e conseguiu hospedagem para mim na casa de EMMY, que me deu tratamento 5 estrelas em sua casa em Miraflores, Lima, andando comigo pra cima e pra baixo nesse trânsito desgraçado da cidade. 
1.b) ENRIQUE GUTIERREZ, de Trujillo, que além de comprar um chip de celular em seu nome pra me dar (o que me permitiu ter internet em todo o país), perambulou comigo em diversas delegacias para ver se o ladrão não teria jogado a bolsa na rodovia, depois de retirar os pertencentes de valor; também me levou para almoçar e tomar cerveja na orla de Trujillo. 
1c) Os amigos Professor DINO e SANDOR que me passaram um passo-a-passo de como trocar as pastilhas de freio da minha moto. Na realidade quem trocou foi um mecânico venezuelano, mas eu fiscalizei direitinho, sabendo como deveria ser feito.
1d) MARTIN SANCHEZ, de San Vicente de Cañete, que rodou comigo cerca de 60 km para me levar à entrada da Reserva Yauyos, que me levaria ao Cânion do Rio Cañete (o lugar mais bonito que estive nessa viagem). 
1.e) Meu querido FÁBIO VARELA, de Brasília, que me colocou em contato direto com o embaixador brasileiro no Peru.
1f) Meus parceiros do MOTOCLUBE ÁGUIA SOLITÁRIA, de Brasília, que não se cansam de mandar mensagens de apoio, algo importante nesses momentos de estresse, particularmente depois do roubo dos meus documentos.

2. Só quem não me ajudou em nada por aqui foram as autoridades peruanas!!!!!! O Peru é um país onde a polícia é odiada por seus habitantes!!!! A burocracia aqui é desumana!!!! As repartições públicas são um jogo de empurra-empurra, sempre tratando a todos com desprezo. Atuam contra o cidadão (e turistas). Não é a toa que não têm qualquer respeito de seus compatriotas! Práticas que eu julguei não existirem mais no mundo, ainda se conservam intactas por aqui, como seus maravilhosos sítios arqueológicos.


3. Mas vamos lá ao Diário. Saí de Trujillo por volta das 10h e segui para Chancay. Eu queria passar em um sítio arqueológico pelo caminho, onde nunca estive: AS PIRÂMIDES DE CARAL, que possuem pirâmides com datação igual ou inferior às do Egito. Estava a 5 km da estrada que leva a Caral e parei em um restaurante para comer e hidratar. Lá tive a triste notícia que a estrada era de areia, com 27 km de ida (54 km, portanto, de ida-e-volta), e nos trechos mais altos havia valas. E foi acrescentado que um motociclista colombiano havia caído e machucado a perna, na semana anterior. O dono do restaurante se ofereceu pra guardar as malas da minha moto  para ficar com o veículo mais leve nesse trajeto. Pensei, pensei, pensei... hummm, do jeito que anda a minha sorte... sei não... não vou encarar esse troço de maneira alguma! Vou seguir adiante pelo asfalto mesmo!

4. Foi uma pena, porque esse local é muito especial e recente. Poucos antropólogos estiveram por lá. Seria algo bacana pra se relatar nessa viagem. Mas sabe como é. NUNCA MAIS USAREI o lema NARIZ e SORTE!!!! Depois de tantos acontecimentos desagradáveis (drone sumiu, moto caiu, máquina Nikon quebrou, GPS bichou, documentos e 2 câmeras roubados, tratamento maldito nas repartições peruanas etc etc etc), concluí que a Sorte se foi! Só me restou mesmo (solamente) El Narigón! (😆😆😆😆)

5. Dormi em Chancay, a 84 km de Lima. Minha ideia era sair de lá para Lima e ir direto para a concessionária Triumph pra revisão de 1 ano de Zuzu; e depois sair para resolver a questão dos documentos, usando táxi e UBER. Fui orientado pela concessionária a entrar em Lima antes das 6h da manhã, porque o trânsito a partir das 7h era simplesmente infernal! Beleza, saí de Chancay às 5h da madruga, ainda escuro. Mal andei 10 km peguei uma neblina terrível, típica da região próxima à capital (dizem que o "Fog" de Lima é pior que o de Londres). Não havia visibilidade além de 20 metros. Usei o recurso de seguir os caminhões, que nos trechos sob neblina usam o pisca-alerta sempre ligado. Isso facilitou a minha vida! Mas tive que andar na velocidade do caminhão, super lenta. Entrei em Lima às 6h, já com um engarrafamento monstro. Devo ter pilotado 30 km com os dois pés do chão, porque não havia outro jeito. No frigir dos ovos, demorei exatamente 2h42 pra rodar 84 km... isso dá uma fantástica média de 31 km/h.

6. Resolvi rapidamente a documentação necessária na Embaixada do Brasil. Atendimento muito profissional de todos. Mas eu ainda preciso de um documento que é emitido pelo governo peruano: ADMISSÃO TEMPORÁRIA DA MINHA MOTO NO PAÍS!!!!! A polícia chama de "Permiso de la moto"! Fui atrás disso. Em Lima iniciei uma via sacra e fui vitimado por jogo de empurra-empurra de dar nos nervos. Nunca estive em um local que de fato resolvesse algo. Sempre me mandam pra outro lugar. Peguei uma fila de 2h30 na SUNAT (para pedir informações tem que entrar na fila). O atendente disse que eu teria que ir à aduana em Callao, a 60 km de Lima. Caraca, véi! Peguei um táxi que ficou 400 reais ida-e-volta e me levar a uma casa de câmbio nesse ínterim. O taxista foi até gente boa e me fez companhia, porque Callao parece com aqueles cenários de filme americano de terror, de Máfia, Narcotráfico ou algo do tipo! Um lugar imundo, cheio de buracos. Não dava pra acreditar que um turista iria resolver algo por ali. 

7. Mas aconteceu o esperado! A maldita atendente, além de não saber xongas, ligou para 3 pessoas diferentes porque ela mesma não sabia como encaminhar uma solução. Disse, então, que eu teria que entrar com uma SOLICITAÇÃO OFICIAL e aguardar de 10 a 12 DIAS!!!! Porque esse documento teria que vir de TACNA, a cidade por onde entrei no país! Cacilda, eu chego em Tacna em 2 dias, por que esperar 12 para obter uma cópia desse documento??? Eu perguntei pra ela se algum funcionário da aduana de Tacna não poderia tirar uma foto do Permiso e enviar pela internet, zap-zap ou algo parecido, para ela preencher outro documento pra mim. Ela disse que não! Que teria que ser um procedimento oficial!  Não registrei pedido algum e saí de lá cuspindo marimbondo e 400 reais mais pobre!

8. Resumo da Ópera: estou retornando à TACNA pelo mesmo caminho que vim... ou seja, terei que novamente passar pelo CHILE e ARGENTINA pra chegar em casa... não irei mais às montanhas arco irís (Vinicunca) em Cuzco, a menos que alguma solução surja de agora até o momento em que pegar a moto. No mais, estou de saco cheio de tanto contratempo nesse país. Estou com gana de voltar pra casa a partir de agora. O que vi, vi; o que não vi, não verei mais!!!

Vista do Pacífico, da cidade El Santa

Eu e o Pacífico

Deserto sem fim

Zuzu e o mar

Deserto sem fim 2

Nariz sem Sorte!

Um pirâmide pelo caminho (não sei qual)

Emmy, minha anfitriã em Lima

Fila  na SUNAT (2h30 de espera pra me mandarem pra outro lugar)

Trânsito em Lima às 6h da manhã

Trânsito em Lima às 6h da manhã


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