Dia #10, 22/4/2019 - Segunda-feira
De TACNA a NASCA (Peru) - 893 km rodados hoje - 5511 km desde Brasília: 503 km no Paraguai, 1343 km na Argentina, 1086 km no Chile e 940 km no Peru.
1. Hoje é o dia da Terra (Pacha Mama)
e gostaria de fazer um pequeno balanço da viagem. Nem todos terão interesse! Mas
espero que vejam as fotos, que foram tiradas em uma rodovia de rara beleza, no
trecho peruano da Rota Panamericana (que vai até o Alasca). Irei transitar através
dela por vários dias, e garanto que ainda virão fotos bacanas mais adiante.
Sim, eu ia adiar esse balanço para quando chegasse ao Equador, onde passarei
diversos dias parado, pra dar descanso pra coluna e pra Zuzu. Mas não dá pra
esperar! As belezas que tenho visto nesses últimos dias têm me dado inspiração
e leveza, mexendo fundo comigo. Há coisas que a gente só aprende
viajando, entrando em contato com culturas diferentes, lidando com estresse,
perdas e alguns probleminhas que são essenciais para transformar a aventura em
uma grande experiência de vida, em crescimento espiritual. Estou no décimo dia
de viagem, a mais de 5500 km de casa, atravessando o território do quinto país.
Acho que é um bom momento!
2. Desejo inicialmente reafirmar o
que disse na última viagem: “A Engenharia é a mais bela das artes!”. Ela tem
permitido a conexão entre homens e homens, por meio de pontes, túneis e da
tecnologia; e indiretamente a ligação com o Criador, por meio de caminhos
construídos artificialmente, que nos permitem chegar tão perto de Suas obras.
Emociona ver como o esforço humano sobrepujou as montanhas, os despenhadeiros, criando
rotas sobre rios, oceano e desertos. Estou tentando traduzir em palavras o
que é a Rota Panamericana.
3. A viagem tem sido uma jornada
através de extremos. Já peguei chuva forte e um sol de lascar logo em seguida,
em questão de minutos. Variações térmicas entre 9 e 45 graus em intervalo de 2
dias. Altitudes superiores a 4800 metros
e logo em seguida o nível do mar... Muito bacana tudo isso!
4. A questão cultural é a mais
significativa. Andei por várias cidades do Chile atrás de uma cerveja, em
lugares que certamente encontraríamos fácil no Brasil. Na praia, por exemplo,
vários quiosques arrumadinhos e nenhum vendia bebida alcóolica. Nos frigobares
de hotel também não havia. Não vi ninguém fumando na rua (embora haja muitos
fumantes no país).
5. O nativo peruano tem uma das
personalidades que mais me encanta. São dóceis, de riso fácil, falam baixo e de
modo sereno. Achei lindo ver as crianças se divertindo com seus irmãozinhos,
sem empurra-empurra, a alegria dos niños com seus cachorros, carneiros ou
vicunhas. De onde esse povo tirou essa maçãzinha vermelha no rosto, meu Deus?
As mães não gritam com os filhos. As famílias estão sempre juntas: mães,
filhos, avós, irmãos e seus bichinhos de estimação. Não dão valor ao dinheiro,
vivem com pouco, ajudam-se, o núcleo familiar é o suporte para todos. De modo
geral sabem tricotar, tear e não fazem controle de natalidade. As famílias são
grandes.
6. Eu sempre fiz apologia ao sucesso
profissional, intelectual e material. Fui até bem sucedido nisso! Sofri muito
por meus filhos serem diferentes de mim sob esse aspecto. Exigi muito, gritei e
não deu resultado. Cada ser é um ser. Cada um descobrirá por si o seu caminho e
o seu próprio conceito de sucesso.
5. Viajar ensina coisas. Muda os nossos conceitos, porque, de modo geral, vemos a pobreza como miséria!
E não é sempre assim! Há beleza na carência e na humildade. Existem felicidade
e sorriso largo em todo lugar!
7. Bom, por enquanto é isso! Estou
em Nasca, Peru, de onde partem aqueles aviõezinhos que levam para ver do céu as
linhas de Nasca (geóglifos). Não irei lá não, antes que me perguntem. Esse teco-teco
balança e inclina muito e não é raro encontrar pessoas que saem dele com crise de coluna
ou com vômito. Amanhã irei conhecer o Cânion do Rio Cañete. Talvez o
cenário mais pitoresco dessa viagem. Aguardem as fotos!
|
(Rota Panamericana, no trecho do Deserto) |
|
(Rota Panamericana, no trecho do Deserto) |
|
idem |
|
idem |
|
Tuc-Tucs |
|
Zuzu e o Deserto do Atacama peruano |
|
Deserto do Atacama peruano |
|
Deserto do Atacama peruano |
|
|
Venci mesmo o medo de altura graças ao Mário Guilhon, por meio de hipnose |
|
Zuzu e o Deserto |
|
Deserto do Atacama peruano |
|
|
Rota Panamericana, trecho oceano Pacífico |
|
Oceano Pacífico peruano |
|
Oceano Pacífico peruano |
|
Oceano Pacífico peruano |
Lindo relato, Flávio. A mais bela viagem é essa que desbrava o nosso interior graças à observação daquilo que nos rodeia. Aproveite bastante e seja esse sertanista de si mesmo. Vai ter chão e tempo pra voltar com a cartografia completa. Que a sabedoria e a boa sorte te acompanhem!
ResponderExcluirObrigado!
ExcluirGrande Flávio, estou acompanhando sua viagem! Muito bacana! Essa de perder o drone da forma como aconteceu, foi surreal rsrs Acontece!! boa viagem!! Abcs
ResponderExcluirQue lindas imagens amigo Flávio, viajando contigo nas palavras e nas fotos! Boa viagem!
ResponderExcluirMuito bom! Você consegue nos levar junto contigo para essa viagem que transcende.
ResponderExcluirAbs
Que legal. Gostei muito do relato e das fotos, este deslocamento de ponto de vista.
ResponderExcluirDeus o abençoe e te guie meu amigo!!!!
ResponderExcluir